Diferenças entre Festividades

3 nov

Dia das Bruxas ou Halloween?


Há uma grande intriga ao se perguntar o porquê de a cultura norte-americana, principalmente o Dia das Bruxas, tomar tanto espaço ao que se refere à economia e à diversão, enquanto que a cultura brasileira a cada dia parece passar despercebida.

Agosto é o mês de celebrar as lendas do Brasil, mais precisamente, dia 22. Normalmente as escolas primárias realizam algumas atividades como a confecção de carapuças vermelhas para a homenagem ao Saci-Pererê, como conta a professora do jardim de infância, Vânia Gusmão, de 29 anos. Outra data que também virou motivo para se festejar é o dia 31 de outubro, Dia das Bruxas, mais popularmente conhecido como Halloween nos Estados Unidos.

No início de outubro todas as lojas e supermercados disponibilizam fantasias e doces para a comemoração da tradição norte-americana. “O folclore brasileiro, por sua vez, é pouco divulgado por causa da pouca importância que nós brasileiros damos a ele”, ressalta Vânia. Um motivo para tal acontecimento é a presença de tecnologia estrangeira em massa na vida infantil, como videogames, celulares, notebooks, o que ocasiona a deixar de lado atividades básicas como a leitura sobre a literatura nacional. Na escola onde leciona, a professora diz que não comemoram mais o Halloween, para evidenciar e mostrar o verdadeiro valor das lendas brasileiras.

Cinco pessoas, cada uma de uma região do Brasil, podem ajudar no melhor entendimento de como a cultura brasileira e norte-americana influenciam em seus cotidianos.

Para Laíse Moura, 18 anos, estudante de Direito, funcionária pública e residente da cidade Cacoal-RO, a presença do Halloween em sua vida deu-se apenas a partir do momento em que seu interesse pela língua inglesa aumentou, mas onde vive as principais festividades comemoradas são a Festa da Flor do Maracujá e o Boi Bumbá. “Aqui em Rondônia, por exemplo, a festa do maracujá é uma das maiores festas e mais tradicionais da Região Norte, que duram 11 dias e é incentivada pelo Governo.”

Na região nordeste, mais precisamente na cidade de Salvador-BA, Camila Valverde Martinez, 20 anos e também estudante de Direito, diz “o folclore é imprescindível na minha região, já que é uma região economicamente alicerçada ao Turismo e tais manifestações encantam a todos que passam por aqui.” Sua relação com o Dia das Bruxas não é muito incentivada, já que o evento ocorre apenas uma vez ao ano e em contrapartida as tradições brasileiras são “comemoradas” o ano inteiro.

Podemos observar que no Centro-Oeste brasileiro não é comum vermos crianças vestidas de bruxinhas ou fantasminhas, mas histórias sobre a Caipora ou o Boto Cor-De-Rosa parecem deliciar a mente delas. Segundo Luana Andrade, 20 anos, estudante de Zootecnia, que nasceu e viveu em Brasília e hoje mora em Fortaleza-CE, o Halloween “é uma perda de tempo e uma tentativa de imposição da cultura americana no folclore brasileiro.”

Fernanda Magliocco, 22 anos, bibliotecária e recentemente transferida para a cidade de Curitiba-PR aponta: “O Halloween não faz parte da nossa tradição. Deveríamos nos atentar mais aos nossos costumes.” Fernanda ainda diz que só presenciou o folclore brasileiro durante sua vida estudantil. “Nunca cheguei a participar de alguma festividade nativa daqui, já o Halloween sempre tinha uma festa ou outra pra se fantasiar e ir, mas nenhum deles me influenciou de fato.”

Cerquilho, cidade do estado de São Paulo, vive Samantha Pires Santos, 20 anos, que é professora de Artes e tatuadora. Ela acredita que o folclore “é uma das culturas mais ricas do nosso país, fruto da imaginação e criatividade dos nossos antepassados, que sentiam necessidade de se expressar através de histórias, lendas e superstições.” Ela ainda ressalta: “O Halloween em especial, não é muito valorizado no Brasil, talvez pelo próprio nome estar numa língua estrangeira à nossa e os costumes serem outros, mas mesmo assim existem muitas festas para comemorar esse evento, pela diversão.”

Com base nas informações dos depoimentos, pode-se entender que o folclore é pouco estimulado nas regiões sul e sudeste, mas ainda sim, o aprendizado que ele passa é suficiente para os jovens questionarem a sua valorização. O Halloween por sua vez, é até comemorado, mas nada comparado ao que a cultura brasileira é: vasta e rica em detalhes.

Curiosidade

Monteiro Lobato, escritor brasileiro e criador da obra Sítio do Pica-Pau Amarelo incentivou milhares de crianças a pelo menos conhecerem alguns personagens do folclore, como por exemplo, Saci-Pererê e a Cuca. No ano passado, o Ministério da Educação discutiu sobre a maneira de escrita de Lobato, porque em seus textos há algumas palavras que podem ser consideradas racistas ou ofensivas. Entretanto, suas obras continuam sendo usadas em escolas e creches normalmente.
*fonte: Colégio Sistema – Itu

Texto por: Grecia Baffa
2° semestre de Jornalismo
FCA+D – Ceunsp

2 Respostas to “Diferenças entre Festividades”

  1. Sau (@GreciaBaffa) 03/11/2011 às 2:05 am #

    Obrigada pela oportunidade! Espero que gostem! 😀

  2. http://samanthabathory.blogspot.com/ 03/11/2011 às 1:02 pm #

    Parabéns Grecia! Gostei do resultado final! É legal falar sobre isso e expor diferentes opiniões para causar reflexão nos brasileiros… Não é natural se vestir de bruxa em outubro e nem conhecer nossa própria cultura. O interesse nessa área deve aumentar e eu, sinceramente, sou otimista. Acredito que possamos mudar essa consciência folclórica com a informação daqui uns anos.

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