Tag Archives: Denúncia

Responsabilidade Virtual

1 mar

Um dia desses alguns contatos meus no Facebook passaram a compartilhar esta foto cuja legenda descrevia um suposto casamento pedófilo na religião islâmica.

Achei a situação tão absurda que o meu “protestante de sofá” agitou-se imediatamente! O que estava em meu alcance se não compartilhar também uma bestialidade dessas? Mas o instinto jornalístico deu a mão ao bom senso e decidi pesquisar um pouco mais sobre o assunto. Eis que encontrei um vídeo postado por uma jovem islâmica desmentindo a legenda sensacionalista e explicando que as crianças na foto são filhas das verdadeiras noivas, viúvas de homens vítimas da guerra naquele país. Segundo o mesmo vídeo os noivos são voluntários que decidiram tomar essas viúvas como suas esposas, tornando-se responsáveis pelo seu sustento e de seus filhos. E o vídeo vai além: denuncia um sinistro suposto mercado de órgãos humanos abastecido por cidadãos palestinos, dentre outras injustiças e barbáries contra este povo. (https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=sBuI6K1Kmpk)

Tudo isso me levou a uma profunda reflexão. Até onde nós somos menos responsáveis pela disseminação de uma informação do que a imprensa formal? Sendo jornalista acredito que a minha responsabilidade é infinitamente maior, mas creio que todos devem pensar nisso antes de passar para frente uma notícia que viu no Facebook ou um boato do escritório. Será que foi isso mesmo que aconteceu? E se depois de compartilhar a informação percebermos que estávamos enganados o mais correto a fazer é se retratar. É uma pena que alguns veículos (grandes inclusive) muitas vezes não tenham esta postura. Isso só aumenta o preconceito, a intolerância e a violência entre as pessoas.

Certa vez ouvi um ditado que diz: “sempre existem três versões para uma história: a de um reclamante, a do outro reclamante e a verdade. Aquilo que se repetir nas versões dos reclamantes geralmente é o que mais se aproxima do que realmente aconteceu”. Desde então sempre busco mais de uma versão, ou mais de uma fonte como os colegas usam no jargão jornalístico, para a mesma história. Se possível três ou mais, quanto melhor.  Faz parte da moral praticada em família e da conduta ética ensinada pelos mestres na vida acadêmica.

Continuo vendo diariamente o compartilhamento da foto, que da última vez que conferi tinha chegado a mais de 50 mil. Quando vejo amigos compartilhando sempre indico o vídeo ou a busca de uma segunda fonte. Mesmo que não saibamos a verdade prefiro contar com outra versão e o benefício da dúvida.

-Nathalia Pimenta,
Jornalista formada em 2011

Quer ver seu texto aqui também?
Mande-o para: jornalismofcad@hotmail.com ou clique: jornalismoceunsp.tumblr.com